terça-feira, 3 de abril de 2012

A virtude do egoísmo

Diante do título deste livro, A virtude do egoísmo, não falta quem pergunte o porquê do termo "egoísmo", com conotação positiva, ao lado de "virtude"—se todos "sabem" que "egoísmo" é o oposto de uma qualidade virtuosa de caráter.

O motivo é simples: "egoísmo" etimologicamente significa preocupação com nossos próprios interesses. O termo "egoísmo" não tem nenhuma conotação, positiva ou negativa; não diz se os interesses são bons ou maus; ou quais são.  Cabe à ética responder a esse tipo de questão. 

A ética altruísta responde que a preocupação com nosso próprio interesse é nociva; só tem valor moral uma ação praticada em benefício dos outros. Em lugar de perguntar: "O que são valores?", o altruísta pergunta: "Quem deve se beneficiar dos valores?"—tornando o beneficiário da ação o único critério de valor moral. Tem o mesmo valor, por exemplo, o dinheiro ganho com o trabalho ou com um roubo—ambos são imorais porque o beneficiário é um "egoísta".

Essa ética é trágica, porque não nos fornece um código de valores morais e nos deixa sem diretrizes morais. Essa falta de diretrizes tem levado a maioria das pessoas a desperdiçar suas vidas entre o cinismo e a culpa—cinismo, por não praticarem a ética altruísta; e culpa, por não se atreverem a rejeitar essa ética.

O que fazer? O primeiro passo é defender o direito do homem a uma existência moral racional—ou seja, a um código moral que sirva para definir os interesses e valores adequados à vida; que mostre que é moral preocupar-se com os próprios interesses; e que afirme o direito das pessoas de se beneficiarem de seus próprios atos morais.

Na ética Objetivista, quem age é sempre o beneficiário da ação, que age de acordo com seu próprio auto-interesse racional. A satisfação dos desejos irracionais dos demais, ou a satisfação dos próprios desejos irracionais, não é um critério de valor moral: a moralidade não é um concurso de caprichos. É errado achar que qualquer escolha é moral, desde que guiada por um julgamento independente—um julgamento nada mais é que o meio pelo qual se escolhe como agir. É isso que torna a ética Objetivista uma moralidade do auto-interesse racional—ou do egoísmo racional. 


Um comentário: