terça-feira, 14 de agosto de 2012

Técnicas Psicológicas para Ser Líder de Si Mesmo:

Um ser humano rico procura ouro na sociedade, um ser humano sábio garimpa ouro nos solos do seu ser.

 

Neste capítulo estudaremos ferramentas para resgatarmos a liderança do "eu". Quem deseja tornar-se um ator principal da sua mente, desenvolver sua inteligência e conquistar saúde emocional e intectual precisa prestar muita atenção e praticar as técnicas que comentarei. Elas deveriam ser ensinadas em todos os níveis escolares.

Há duas metas e duas técnicas que alicerçam nossa capacidade de gerenciar os pensamentos e emoções para sermos líderes no palco da mente. Metas: Reeditar a memória; Produzir janelas paralelas da memória.

Técnicas: DCD (duvidar, criticar, determinar); Mesa-redonda do "eu".

 

Reeditar a Memória:

 

Reeditar a memória é um dos processos de transformação da personalidade estudados pela teoria da Inteligência Multifocal. Não podemos deletar a memória, só reeditá-la ou reescrevê-la. Não temos ferramentas para apagar o passado registrado pelo fenômeno RAM, seja bom ou ruim. Só podemos reeditá-lo. O que é reeditar ou reescrever a memória? Não é apagar os arquivos doentes, mas inserir novas experiências nas janelas da memória. É entrar no palco da mente e construir segurança onde existe o medo, lucidez onde existe estupidez, tranqüilidade onde existe ansiedade.

Pedro era um médico prestativo e hábil. Tratava de pacientes com maestria e segurança. Um dia teve um ataque de pânico. O Gatilho da Memória detonou e gerou uma janela "killer". Pedro começou a ter medo de enfartar. O fenômeno do autofluxo alimentou-se dessa janela e produziu inúmeras idéias negativas. O fenômeno RAM registrou-as e expandiu seu medo inicial.

Sua saúde estava ótima, mas a janela "killer" bloqueou seu raciocínio. Os ataques se repetiram. Viveu o cárcere do medo. Parou de trabalhar e ficou deprimido durante muitos anos. Mas saiu do caos. Libertou-se depois que usou a técnicas do DCD para reeditar a memória. Muitas pessoas calmas e seguras se tornam ansiosas e inseguras ao longo dos anos, pois vão acumulando nos bastidores da mente as suas frustrações, perdas e problemas psíquicos e sociais. Sem perceber, vão transformando as janelas saudáveis em doentias, e perdendo o sorriso. Seu prazer de viver vai sendo destruído.

Reeditar o filme do inconsciente (memória) é a primeira meta para quem quer deixar de ser algemado pelos atores coadjuvantes do teatro da mente e pelos traumas, conflitos, angústia, estresse. Alguns perpetuam terapias por anos porque não aprenderam a reeditar a memória. Como reeditá-la?

 

Técnica do DCD:

 

A primeira técnica excelente que tenho usado para estimular o "eu" a sair da platéia, entrar no palco, gerenciar os pensamentos e reeditar a memória é a DCD (duvidar, criticar, determinar).

Essa técnica envolve as três principais perolas da Inteligência Multifocal: a "arte da dúvida" (perola da filosofia), a "arte da crítica" (perola da psicologia) e a "arte da determinação" (perola da área de recursos humanos). Você não imagina a força que temos que fazer para sair da platéia quando usamos essas três artes. Deixamos de serem passivos, conformados e vítimas. Duvide, critique e determine!

Marcos era presidente de uma empresa, mas não presidia sua mente. Reagia como se todas as mulheres o traíssem. Casou-se e fez da sua relação um inferno. Criava idéias de que sua esposa o estava traindo. Torturava-a. Quando ele ameaçou separar-se, ele procurou tratamento. Na terapia, começou a entender que era vítima do passado. Sua mãe havia traído seu pai. Aprendeu a sair da platéia, aplicou o DCD. Duvidou das suas idéias dramáticas e as criticou diariamente. Cada vez que uma idéia dessas surgia, dizia para si: "Essa idéia não tem fundamento"! Não serei mais algemado por ela. Determino ser livre e reconstruir minha história. Conseguiu resgatar a liderança do "eu".

Não seja aprisionado pelos atores coadjuvantes. Duvide de tudo que eles produzem e que faz você ficar deprimido, ansioso, sem auto-estima. Critique seriamente cada pensamento negativo, cada idéia tola que o perturba, cada angústia, humor triste, medo, insegurança. E, por fim, não peça compaixão para os atores coadjuvantes. "Entre no palco" e determine ser alegre, tranqüilo, conquistar o que mais ama, ser líder de si mesmo. As palestras de auto-ajuda pouco ajudam quando as pessoas não compreendem o funcionamento da mente. Não basta só determinar, é preciso antes duvidar e criticar para reeditar a memória. Quando, no silêncio da nossa mente, "duvidamos, criticamos e determinamos" diversas vezes por dia ao longo de meses, construímos uma nova história. Produzimos prazeres, coragem, reflexões que são arquivados pelo fenômeno RAM nos bastidores da mente.

A técnica do DCD não apaga a memória, mas reedita e reescreve o inconsciente. Assim nos tornamos autores da nossa história. Após seis meses de prática dessa técnica, a qualidade de vida dá um salto, e nos tornamos mais alegres, simples, tranqüilos, seguros, autoconfiantes. Mas é possível reeditar todas as janelas da memória?

Não! Sempre ficam algumas janelas doentias na periferia do inconsciente, difíceis de serem reeditadas. Além disso, mês após mês produzimos novas janelas doentias, geradas pelas decepções, perdas, conflitos sociais. Não há gigantes. Sempre recaímos e voltamos para a platéia. Mas qual é a grande diferença de quem atua como ator principal e faz a técnica do DCD? Essa pessoa se torna mais estável e madura: as dores lapidam a sabedoria, as falhas constroem a tolerância, as perdas geram novas conquistas, os fracassos nos tornam mais fortes. Os grandes líderes da história praticaram o DCD intuitivamente. Tenho estudado a mente de grandes líderes da história, como Moisés, Maomé, Confúcio, Buda. Gostaria de destacar alguém que teve plena consciência de que deveríamos deixar de ser espectadores, que treinou seus discípulos constantemente para saírem da platéia e serem líderes. Seu nome é Jesus Cristo. Escrevi sobre ele uma coleção que analisa sua inteligência. Entenda que não estou falando de religião, mas de uma pessoa fascinante, famosíssima, e tão pouco conhecida no teatro da sua mente. Jesus Cristo nunca deixou o palco, extraiu força da fragilidade, alegria da dor, sabedoria das calúnias. Foi feliz na terra de infelizes. Fomos treinados desde a infância a sermos tímidos, frágeis, inseguros, diante das nossas misérias psíquicas. Já notou que quando algum tipo de medo nos abate, em vez de duvidarmos dele, nós o aceitamos passivamente? Já percebeu que agredimos os outros quando estamos estressados e ansiosos, em vez de criticar o estresse e ansiedade?

Quando se abre uma janela da memória doentia e produz emoção com alto volume de tensão, bloqueamos a leitura das janelas saudáveis, travamos a inteligência. Nos focos de tensão ferimos as pessoas e nos punimos. É justamente nos focos de tensão que precisamos fazer o DCD. Se você deseja ser apaixonado pela sua vida, faça-lhe um grande favor: não seja mais tímido e passivo diante dos seus próprios ataques de raiva, irritabilidade, de seus pensamentos negativos. Peça desculpa se errou. Não brigue com os outros, não os culpe, não discuta. Nossa luta real é interior e silenciosa: no anfiteatro da nossa mente. Os monstros que os atores coadjuvantes encenam no palco - seja o medo, a impaciência, a intolerância, as preocupações - são menores do que você imagina. Mas, se não atuarmos, eles se acumularão no inconsciente e poderão destruir nossos sonhos, nossa paz, o prazer e o amor pela vida.


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